sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Finalmente criei vergonha na cara.

Bom, como diz o título do post, finalmente criei vergonha na cara. Voltei a escrever meu livro.
Ainda não é a versão definitiva. Alias, está bem longe dela, só fiz uma correção básica no texto, e geralmente, quando escrevo uns três capítulos, releio o primeiro e segundo e acabo mudando uma coisa ou outra.

Mas no geral, o que tem ai é mais ou menos como vai ser a versão final. O primeiro capítulo ainda não está inteiro, mas não quero fazer um post gigante também, que ninguém vai ler.

Só pra terminar essa pequena introdução. sei que muita gente nem curte esse tipo de história, mas peço por favor que leiam. E se lerem, comentem. Mas não como amigos, e sim como críticos. Me ajudem, falando se o ritmo está lento, se está bom, se tem algo que precisa mudar. Se alguma parte ficou confusa. Se gostaram.

Enfim, me ajudem a fazer uma história que valha a pena ser lida. Ouvirei com carinho todas as sugestões. E com o tempo, vou postando mais partes do meu livro aqui. Obrigado.


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Capítulo 1
Onde conhecemos Matheus, Sid e um homem cinza


        
Chata. Era assim que Matheus definia sua vida. Não que ela fosse chata sempre, mas no geral era uma vida bem parada e monótona. Podemos dizer, por exemplo, que se não fossem os eventos extraordinários que começaram a acontecer na nublada quinta feira em que começa nossa história, a vida de Matheus nunca seria boa o suficiente para se escrever um livro. Na verdade, ele levava uma vidinha bem medíocre. 

Matheus tinha trinta e poucos anos, cabelos escuros e olhos castanhos. Ele era bem alto e magrela. Andava de uma maneira meio encurvada, como geralmente andam as pessoas tímidas, o que lhe dava um ar meio desengonçado. Ele não era feio, mas também não era bonito. Era bem normal. 

Ele nunca fora bom em esportes, nunca fora bom em nada na vida. As vezes ele achava que a culpa disso era de seus pais. Não que eles fossem pais ausentes, ou maltratassem muito Matheus, pelo contrário. O problema é que os dois brigavam muito. Na verdade, eles brigavam tanto que Matheus não se lembrava de um único dia sequer em que os dois não tivessem se xingado de nomes que não poderiam sequer ser citados nessa história. 

E isso gerava vários problemas de vergonha alheia em Matheus. Como esquecer da vez em que durante uma partida de futebol quando era criança, seus pais começaram a discutir na arquibancada sobre a posição em que Matheus poderia jogar melhor. A discussão foi tão grande que todas as crianças pararam de jogar e ficaram olhando aqueles dois doidos, gritando um com o outro. Matheus até tentou se esconder atrás de um dos gols, para evitar que ligassem os dois malucos a ele, mas não adiantou nada, pois sua mãe foi lá o puxou pelos braços e levou-o embora no meio da partida, deixando treinador, jogadores e plateia perplexas. Claro que não preciso dizer que Matheus subitamente perdeu a vontade de voltar a jogar bola, e nunca mais voltou a praticar qualquer tipo de esporte. 

Na escola as coisas também não eram melhores. Você com certeza já conheceu alguns daqueles valentões que roubam o dinheiro do lanche e dão socos e pontapés nas crianças mais novas (e espero que não tenha sido um desses valentões). Eles tinham em Matheus seu alvo preferido. 

Na adolescência as coisas não melhoraram muito também. Todas aquelas mudanças características dessa fase, como a voz que ora fica fina, ora fica grossa, os braços e pernas que começam a crescer desproporcionalmente em relação ao resto do corpo ou os pelos que começam a aparecer, se deram de maneira muito mais intensa em Matheus, o que lhe gerava uma aparência mais engraçada que a da maioria das pessoas. Por consequência, ele continuava sendo o escolhido para ser alvo das brincadeiras dos demais colegas de escola. 

As coisas só começaram a melhorar um pouco para Matheus quando ele entrou na faculdade, no curso de jornalismo. A faculdade é aquele lugar onde você terá a oportunidade de fazer tudo que nunca fez na vida, e provavelmente nunca vai ter oportunidade de fazer de novo. É durante a faculdade que tomará os melhores porres, participará das melhores festas, se nunca fumou irá fumar, se nunca bebeu irá beber, se nunca teve um relacionamento com alguém do sexo oposto (ou mesmo sexo, depende de suas preferências), com certeza na faculdade você terá. Então, embora Matheus não fosse exatamente muito sociável, ele realmente aproveitou bem essa fase da sua vida. 

Foi na faculdade que ele conheceu Danilo, seu melhor e único amigo. Danilo era o extremo oposto de Matheus. Loiro, usava óculos que pareciam ser do século passado, tinha o cabelo comprido e sempre deixava a barba por fazer, dando-lhe uma aparência extremamente hippie. Danilo era crédulo ao extremo. Se falassem para ele que papai noel era real, ele acreditaria. Na verdade, ele trocava de filosofia como quem troca de roupas e não ligava para absolutamente nada. Às vezes ele era budista, às vezes ia em centros de umbanda. Às vezes frequentava centros espíritas e mais raramente gostava de sair com alguns amigos hare krishnas. Ele parecia estar sempre sobre efeito de maconha, embora não fumasse. Era apenas seu jeito natural mesmo. 

Matheus queria ser um repórter aventureiro. Desses que cobrem as guerras, fazem reportagem na boca de vulcões em erupção ou em cidades vitimas de catástrofes. 

Obviamente ele não conseguiu nada disso. Quando se formou, arrumou um emprego num tablóide chamado “O Estrelão”, onde era obrigado a escrever reportagens como “Mulher dá a luz a um sapo” ou “Cientista descobre provas de que a Terra é um supercomputador programado para fazer perguntas sobre a vida o universo e tudo o mais”. 

Matheus odiava escrever esse tipo de matéria e odiava grande parte do resto de sua vida também.

Agora que já fizemos uma pequena introdução sobre a vida de Matheus (espero que não a tenham achado demasiado chata), vamos pular para a quinta feira nublada em que começa a nossa história.

O despertador tocou as oito em ponto. Era um daqueles despertadores chatos, que nunca param de tocar até serem arremessados contra a parede, não importa quantas vezes se aperte o botão que teoricamente deveria fazê-los parar. Quando Matheus se deu por vencido e cansou de brigar com o despertador ele levantou. Seu quarto estava uma bagunça completa. Roupas espalhadas pelo chão, cuecas em cima da mesa do computador, bem como o prato de janta da noite anterior. 

Matheus procurou a roupa menos amassada, pegou uma toalha e foi ao banheiro. Alguma coisa estava estranha na sua casa, embora ele ainda não pudesse perceber exatamente o que era. Após tomar banho e se trocar, ele foi até a cozinha, onde sua mãe preparava um café da manhã enquanto resmungava coisas ininteligíveis. Foi então que Matheus percebeu que a coisa estranha, era o fato de que pela primeira vez ele acordara sem ouvir os berros de sua mãe ou de seu pai, gritando um com o outro. Sim, eles ainda eram casados e na verdade, com o passar do tempo, Matheus percebeu que os gritos e xingamentos eram uma maneira – ainda que bem estranha – que ambos tinham de demonstrar carinho e amor um pelo outro. 

- Dia mãe. 

- Sabe, aquele safado do seu pai não dormiu em casa hoje – retrucou a mãe, sem virar para cumprimentar o filho e cortando com mais vontade um pedaço de pão velho. 

- Hmmm. Mas mãe, ele disse que iria visitar a vovó. Talvez tenha ficado por lá. 

- Ele deve é estar com uma amante. Aquele desgraçado. Anos de casada pra ser trocada por uma mulher mais nova. Quando ele chegar vai ver o que é bom. – a mãe parecia disposta a ignorar completamente o fato de que o marido realmente estava na casa de sua sogra. 

Matheus percebendo que não iria adiantar tentar convencer a mãe, apenas preparou seu café e ficou ouvindo os resmungos habituais. 

A porta da sala então se abriu e o pai de Matheus entrou. Na mesma hora, a mãe de Matheus começou a gritar e xingar a plenos pulmões. 

- SEU SALAFRÁRIO. PASSA A NOITE INTEIRA FORA. ACHA QUE NÃO SEI QUE ESTAVA POR AI COM SUA AMANTE?! 

Matheus não estava nem um pouco a fim de ficar ouvindo mais uma discussão, pegou um pedaço de bolo embrulhou num papel jornal e saiu de fininho da casa, ainda ouvindo os gritos enfurecidos da mãe que parecia ter atirado uma panela contra a parede. 

Assim que chegou à rua ele viu Sid, parado na frente de seu portão, exatamente como acontecia todas as manhãs. 

Sid era um cachorro de rua, que parecia uma mistura de chiuaua pelado com lombriga. Apesar de ser muito, muito feio, ele era um cachorro bem simpático, que havia aparecido ali na rua há poucos meses e resolvera adotar o lugar como lar. Matheus não era exatamente fã de animais, mas aquele em particular lhe agradava. E Sid parecia gostar muito da companhia de Matheus. Não era raro que Sid seguisse Matheus de sua casa até o trabalho (Matheus fazia o trajeto andando, ele morava a poucas quadras do seu trabalho) e era uma companhia agradável a Matheus, que aproveitava seu “ouvinte” para reclamar bastante da vida, sobre coisas que às vezes ele não tinha coragem de conversar com Danilo. 

Naquele dia em especial, Sid não parecia muito interessado em ouvir as reclamações de Matheus. Ele estava inquieto, olhando de um lado pra outro latindo e rosnando pras pessoas a esmo, sempre correndo em direção as esquinas. 

Finalmente, após uns quinze minutos de caminhada, chegaram na frente d’O Estrelão. 

O prédio era bem velho. No alto, uma placa luminosa dourada indicava em letras garrafais o nome do jornal. Matheus sentia vergonha de entrar ali todos os dias. 

- Bom Sid, até amanhã amigo – Matheus fez um afago no cachorro e deu o pedaço de bolo que ele havia trazido – Vê se amanhã você melhora esse humor viu, não é legal andar pela rua latindo e rosnando para as pessoas. 

- Bom dia gatão. – disse Josie, a recepcionista quando Matheus entrou. 

Não que ela achasse Matheus um gatão. Ela só se sentia bem deixando Matheus envergonhado todos os dias, coisa que normalmente acontecia quando ele era chamado assim por Josie. 

- Dia. – disse ele. – O sr. Almeida já chegou? 

- Já sim. Alias ele pediu pra que quando você chegasse fosse direto a sala dele. 

Matheus suspirou enquanto esperava o elevador. Ir a sala do chefe logo de manhã nunca era um bom sinal. Provavelmente seria alguma “ótima” matéria que ele teria que assumir. Além disso, Matheus não gostava muito do Sr. Almeida. Não que ele fosse um chefe ruim, longe disso. O problema é que o Sr. Almeida era feliz demais. Tudo estava sempre bom, sempre ótimo, sempre maravilhoso. E se todos não se sentissem sempre bem, ótimos e maravilhosos, então o Sr. Almeida faria de tudo para que se sentissem. 

Acontece que ser bom, ótimo e maravilhoso não fazia parte da natureza de Matheus, que normalmente só ficava aborrecido com as pegadinhas, surpresas e piadas que era obrigado a aturar enquanto dava sorrisinhos bestas para o chefe, que parecia não perceber ou não se importar com a dificuldade de Matheus em fingir que tudo aquilo lhe agradava. 

Matheus bateu na porta do chefe. 

- Entre, entre, a porta está aberta. 

- Bom dia chefe. O Senhor queria me ver? 

- Ahhh sim. Preciso muito falar com você Matheus. – falou o Sr. Almeida, com uma voz jovial. – Está pronto para escrever a matéria da sua vida?

2 comentários:

  1. Começou bem... fiquei curiosa quanto a matéria. E quanto as sugestões nos falamos no msn. ;)

    Bjoo e parabéns pela criatividade!!

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  2. Finalmente li seu post.
    Já estou curiosa para o próximo capitulo,aiaia...rsrs

    Só espero que Matheus fiquei mais feliz no final da história. rsrsrs
    Adorei!! quero ver mais, heim.
    Sugestões, mandarei num próximo capitulo hahahahah
    beijos!

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