terça-feira, 2 de agosto de 2011

Boa Tarde a todos

Quanta coisa aprendemos quando criança. Não coloque o dedo na tomada. Não coma coisas que encontra pelo chão. Não coloque a mão em uma panela no fogo. Apesar de tantos avisos e ensinamentos, insistimos a contrariar os avisos e experimentarmos por nossa conta. Certamente tomamos muitos choques e quedas pelo caminho. É que chamamos de viver. Viver muitas vezes é mais eficiente que aqueles sermões de “não faça” que tantas vezes ouvimos. Assim crescemos, assim aprendemos.
Aprendemos a confiar em nossos pais. Quantas vezes já não nos arrependemos de levar aquele agasalho que sua mãe tanto insistiu para que botasse? Sempre preocupados e pensando no seu bem-estar. Experiência. Essa é a palavra. Eles já viveram tudo aquilo que você passou ou está passando: aquela vontade de riscar paredes, a curiosidade de desmontar os brinquedos, aquele temor de ligar para aquela garota ou aquele primeiro porre. Escutamos e aprendemos.
No fim crescemos. Aprendemos. E descobrimos que eles mentiram.
O mundo não é como nos ensinaram. Quando somos pequenos, se acreditamos em nossos pais, somos bem-educados e elogiados. Quando crescemos, se continuarmos acreditando, viramos otários e desiludidos.
Comi todo o feijão do prato e não cresci forte e bonito. Trabalho 12, 14 horas diárias e estou longe de ficar rico. Procuro e não encontro aquela princesa encantada prometida. Sou honesto e fiel, mas nunca valorizado por isso. Procuro ser bom com os outros, mas não há um Papai Noel no final do ano para ser recompensado. Os desonestos não são punidos no final. O mau-caráter sempre fica com a mocinha.
Na vida adulta não há espaço para “crianças”. Hollywood não existe. O romantismo morreu há muito tempo. As últimas peças de resistência sofrem a via-crucis. Não há charme em ser bom, enquanto há uma aura sexy em ser mau. A malandragem é fator diferencial (eu diria até crucial) na ascensão de uma carreira. Ter princípios é antiquado. Fidelidade é careta. Honestidade é burrice. Apanhamos e aprendemos.
Aprendemos? Ou desaprendemos? Em quem confiar? Em nossos pais que sempre zelaram por nós ou em um mundo que sempre nos acerta na cabeça e no coração?
Ser uma criança eterna, sonhar, viver, buscar e por muitas vezes chorar e apanhar de um valentão qualquer. Ou abrir os olhos, se encaixar em um mundo canalha e roubar o lanche daquele otário fracote?
Sigo com minha decisão. Fecho meus olhos ainda com esperanças de um dia o mocinho vencer no final. Continuo em meu canto solitário, brincando com meus blocos de madeira e bolinhas de gude, esperando que um dia tenha companhia para brincarmos juntos. Talvez eu seja o maior otário do mundo, ou talvez o mundo precise da mais blocos de madeira. Alguém quer brincar comigo?

Um comentário: